Eu preciso escrever, preciso por pra fora o que estou sentindo e evitar entrar em contato com qualquer pessoa para isso. Pois por mais que tentem me compreender, sempre haverá um julgamento natural da situação. E talvez para eles seja sempre fácil de evitar, mas para mim, que sou a responsável e vivi as mesmas, eu não sinto esse "botão" de controle aparecer.
Estou cansada de mim, estou saturada de ser eu. Não sou nada especial, o contrário, sou completamente cheia de falhas. E não consigo me adaptar a vida cotidiana e as relações sociais. Não interpreto bem, sou sentimental e impulsiva. Tenho gatilhos que eu mesma não consigo conter, mudanças repentinas de humor e estou exausta de lutar.
As pessoas não me valorizam, nem valorizam meus esforços, porque para elas não são esforços. São ações comuns. O que pra mim demanda uma energia fenomenal, para eles é completamente normal. E eu não estou aqui querendo me vitimizar, eu só não tenho mais a energia suficiente para recomeçar. É possível que do nada eu receba um raio flamejante do céu e volte a sentir esse impulso, mas não sinto mais nada nesse momento.
Quero me esconder de todos, me recolher no meu auto desprezo. Mas tudo isso pode afetar minha filha e eu também estou me sentindo um lixo para ser exemplo para ela.
Quantas e quantas vezes eu cheguei nesse mesmo momento? De levantar e ir embora, abrir mão de tudo que eu construí? São 31 anos de existência sem conseguir tirar isso de mim. A questão é que hoje eu sou a responsável por mim, não posso ser o fardo carregado pelos outros, não tenho esse privilégio.
Estou exausta. Estou saturada de tudo e todos. Não consigo lidar com pressão e ambientes agitados. Não consigo lidar com barulhos.
O que eu sou, meu Deus? O que eu sou?
Como manter minha existência diante de tantas limitações psicológicas? Eu sou um ser humano saudável fisicamente, mas a minha mente, o motor do meu corpo, me incapacita.
Eu te peço por socorro. Te peço por ajuda, mas sou consciente que não existem milagres pra isso, se houvesse, porque ainda não teria sido feito diante de todo meu sofrimento?
É a aceitação da minha condição que me resta. Eu decido por me isolar e minimizar minha existência ao máximo. Onde ninguém mais saiba de mim, onde não me vejam mais. Se é pra sofrer, sofrerei só. Não vou ocupar mais ninguém com meus infortúnios. Ninguém merece isso.
Serei uma sombra.
Serei uma folha seca.
Que existe, mas é imperceptível.
Falarei apenas o necessário e o suficiente.
Não quero mais amigos, nem amores, não quero mais nenhuma relação que possa ser uma escolha. Me manterei nas que são vínculos reais, porque eu tenho o peso da responsabilidade de estar nelas.
Desisto de tentar ser o que não sou.
E quando precisar falar, falarei sozinha, pois estou cansada de toda a exposição de ser eu.